09 abril 2009

VATICANO ONLINE -001

No final da Audiência geral de quarta-feira (28-01-2009), o Papa Bento XVI fez três comunicações: para saudar a eleição do Metropolita Kirill para novo Patriarca de Moscovo; para explicar a remissão da ex-comunhão aos quatro bispos ordenados em 1988 por D. Lefebvre sem o mandato pontifício; para recordar a Shoah, pedindo que «nunca mais a violência humilhe a dignidade do homem».
Na segunda comunicação, a mais longa, Bento XVI começou por citar a homilia da solene inauguração do seu pontificado, sublinhando que é dever do Pastor “o chamamento à unidade”. Por isso, movido por este serviço à unidade decidiu conceder a remissão da excomunhão aos quatro bispos ordenados por D. Lefebvre. O Papa espera com este «acto de paterna misericórdia», que os quatro bispos e seus seguidores dêem os outros passos necessários «a fim de realizarem a plena comunhão com a Igreja, testemunhando assim a verdadeira fidelidade e verdadeiro reconhecimento do magistério e da autoridade do Papa e do Concílio Vaticano II».
Na comunicação social foi dado especial relevo a este caso e foram muitas as reacções. Certamente que tudo isto levou a que fosse o próprio Papa a dar as razões de tal decisão. Esperemos que a purificação da memória, tantas vezes recordada por João Paulo II, predisponha continuamente a Igreja a mostrar a Beleza e a Verdade de Cristo ao homem contemporâneo.

(P. José Cordeiro - Reitor do Colégio Pontifício Português de Roma e Professor Universitário, JV Fev.2009)
BOM PASTOR -001

Há quase 50 anos que fui nomeado pároco de Cedofeita e que saudades eu tenho desses tempos e dessas gentes! Um mês após a minha tomada de posse, ocorreria a Páscoa do Senhor e eu sentia como nunca a necessidade de a anunciar e cantar a toda a gente.
Veio-me, então, a ideia de criar um jornal paroquial, que, com motivo à vista, se chamou ALLELUIA. Com esta mensagem de vida sempre nova e sempre a renascer nasceu e com esta mensagem continuou.
Um jornal paroquial é um retrato de uma comunidade em movimento e um programa de vida no terreno e nem se torna necessário apresentar razões. Por mim, sempre o julguei importante, quero dizer, normal no contexto das preocupações evangelizadoras de uma paróquia.
Por isso, e neste espírito, saúdo com alegria e esperança o Jornal VERIS, que bebe o seu título do padroeiro de Paranhos e que se apresenta com o desejo de servir e ajudar quem vive a verdade e da verdade ou de quem a procura. Então, que viva, cresça, floresça!
Através desta minha modesta presença quereria, sobretudo, deixar tão alto quanto possível um apelo à esperança. Sempre necessária, mais que nunca necessária. Muitos de nós conheceremos o livro do nosso Nobel “Ensaio Sobre a Cegueira”, que nos põe face a uma sociedade inteira que, por contágio, foi cegando, com os resultados dramáticos que podemos imaginar. Pois, deu-me para ver nesta sociedade cega a imagem de uma sociedade desanimada que, pouco a pouco, vai perdendo o sentido de viver e que pode ser a nossa. O sentido e a vontade. Ao lê-lo, estava sempre à espera que aparecesse um fim feliz, como costuma acontecer na textura dos romances. E esse fim feliz acaba por aparecer: a luz voltou e, com a luz, a alegria.
Com este livro nas mãos (um cristão goza de recursos muito mais sólidos que nada têm a ver com a ficção) posso pedir a todos que nunca desanimem, quaisquer que sejam as procelas? É que o sol acabará por reaparecer…

(D. Manuel Martins - Bispo Emérito de Setúbal e ex-Presidente da Fundação SPES, JV Fev.2009)
Reportagem

Abdul Rehman declarou ao JV não saber “se o Cardeal se referia às jovens católicas ou às jovens portuguesas em geral, nas quais se incluem raparigas de diferentes credos religiosos”. Lamenta a perda dos valores religiosos pela maior parte da juventude portuguesa e afirma que “dificilmente se travará os casamentos entre os jovens das diversas comunidades”. Apela ao inter-conhecimen-to das religiões, “a fim de evitar conflitos no futuro” e lança a questão: “entre os católicos quantos divórcios vêm agora acontecendo?”.

«Não é verdade que a religião Islâmica permite maltratar as mulheres. As histórias que apareceram nos Media, não têm nada a ver com a religião, mas sim com as culturas e o grau de educação das pessoas. Aqui em Portugal, também existem muitos casos graves de mulheres agredidas pelos maridos.
Quanto ao diálogo que o Cardeal considera “mui-to difícil” com os muçulmanos, não sei então como classificar os inúmeros diálogos inter-religiosos que vou tendo aqui no Norte, bem como o Sheik Munir, ao longo destes últimos anos. (…) Nesses encontros, esclareço aos presentes a verdadeira essência da religião Islâmica, que infelizmente é conhecida de uma forma distorcida. O Cardeal referiu na tertúlia, por diversas vezes “Alá”, como se tratasse só do Deus dos muçulmanos, o que pode ter levado à interpretação errada por parte dos presentes. Allah não é senão o termo arábico que significa ‘Deus’. Os cristãos árabes assim O chamam.»

(ARR e Abdul Rehman Mangá - Presidente do Centro Cultural Islâmico do Porto e Director administrativo do Grupo Amorim, JV Fev.2009)
VIVER SALUTAR -002

As principais causas de morte no nosso país são as doenças cardíacas e as doenças cerebrovasculares, vulgarmente conhecidas como tromboses.
A mortalidade por essas doenças tem vindo a melhorar, mas mantém-se muito elevada.
No entanto, os principais factores de risco para essas doenças são controláveis em função do estilo de vida que adoptamos. Consumo de tabaco, excesso de peso, ingestão excessiva de gorduras, falta de exercício físico, dependem, em grande medida, de atitudes individuais.
Outro problema assume particular importância: a hipertensão arterial. Dois em cada cinco portugueses adultos são hipertensos. A hipertensão não dói. Para ser detectada exige que a pessoa meça a pressão arterial pelo menos uma vez por ano. E que, depois, não deixe de assumir as atitudes que lhe forem prescritas.
Relacionado com este tema está o da excessiva ingestão de sal. Somos o povo europeu que ingere mais sal na alimentação. Esse consumo é, em grande parte, oculto, em alimentos como o pão. Melhorar a saúde dos portugueses exige que sejamos capazes de diminuir o consumo excessivo de sal. Por uma vida mais longa e… melhor!

(Manuel Pizarro - Secretário de Estado da Saúde e Médico, JV Fev.2009)
JUSTAPOSIÇÃO -002

A tendência mais re-cente, sempre por exigência expressa da esquerda do hemiciclo vai no sentido da eliminação do sufrágio por correspondência. E, por isso, se vem considerando, apressada e erradamente, que o PSD é um acérrimo paladino do voto por correspondência.
A meu ver, o único meio de proteger os interesses de participação dos cidadãos expatriados é um sistema misto, uniforme, para todos os processos eleitorais, sem excepção: votação presencial, como regra.
Com a possibilidade de se optar pelo voto por correspondência, para todos os que residam a uma determinada distância dos locais de voto. Esta solução generalizava, efectivamente, o voto em urna em locais de voto abertos em consulados, associações, etc... É sabido que os Portugueses, na sua maioria, vivem em grandes concentrações, relativamente perto dos consulados. E esses não teriam outra alternativa.
A opção seria dada aos que residem em pequenas comunidades dispersas, algumas a centenas, ou mesmo, a milhares de Km.s de uma qualquer secção de voto. A quem fala de eventualidade de "fraude" no voto por correspondência convém responder que democracias, das mais reputadas, aceitam este modo de votação. E lembrar que, quando se permite, sem grande utilidade, a manutenção de urnas abertas, nos locais de voto, ao longo de 3 dias, também, em alguns casos, pode ocorrer a "manipulação" do resultado...

(Manuela Aguiar - Ex-Secretária de Estado das Comunidades, JV Fev.2009)
CIVILIDADES -002

Cumpriu-se, faz pouco tempo, o 60.º Aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. E, se não cria obrigações legais aos Estados nem aos Governos, tal não nos demite, Cidadãos e Instituições, de assumir a nossa parte. Na CARITAS Diocesana do Porto, assim pensamos e agimos.
Convido a ler o seu art.º 25.º. Do assegurar da saúde – conceito muito mais abrangente que a mera situação de doença como nos aponta a OMS – do próprio e à sua família; à alimentação, quem pode sentir-se bem de estômago vazio, ao vestuário, aos vários direitos à segurança em cada momento e situações da vida desde que resultantes de circunstâncias independentes da vontade.
Torna-se, então, urgente sermos atentos, proactivos, actuantes no meio que nos envolve independente da proximidade – mais que olhar, ver; mais que ouvir, escutar com a delicadeza e descrição que se nos impõem. Não podemos ignorar, com respeito pelo direito à privacidade de cada um, as emergentes realidades de pobreza envergonhada, da relutância no pedir, em suma, dos pequenos gestos reveladores da necessidade – da mudança de estabelecimento de ensino ao tipo de refeição, enfim, estilo de vida. Mais que para, urge educar na CIDADANIA!

(A.M. Barros Marques - Jurista e Presidente da Cáritas Diocesana do Porto, JV Fev.2009)
PORTO SENTIDO -001

O Porto oitocentista é o grande cais de emigração do reino”, e o Brasil, o destino eleito.
Socialmente, o liberalismo trouxe uma nova aristocracia – a burguesia empreendedora que enriquece com empréstimos ao Estado, investindo em novas fábricas ou… com dinheiro que ganha no Brasil.
Estes “brasileiros” ou os “torna-viagem”, como lhes chamavam, são cruelmente caricaturados pelos intelectuais da época pelo seu mau gosto e ostentação. Mas são as suas remessas monetárias que saldam, por uns tempos, o deficit crónico da balança de pagamentos do Estado. Em compensação, recebem prestígio social e títulos (barão, visconde, conde). Assim aconteceu com o Conde de Ferreira. É significativo o facto de a maior de concentração de “benes-ses” se ter situado no Porto, o palco, por excelência, das lutas liberais mais importantes.
A atribuição de títulos deu, também, origem à sátira e à crítica social: “Foge, cão, que te fazem barão! – Para onde, se me fazem conde?” (Almeida Garrett).

(M.ª Helena Costa - Professora, JV Fev.2009)
APELOS -001

O Porto é a minha cidade e ainda hoje sinto o orgulho de pertencer aqui. É certo que viajo muito e passo pouco tempo em casa, mas talvez seja isso que me faz dar tanto valor à nossa cidade. Com o passar do tempo dou mais importância aos valores que temos e devemos preservar. Para os mais novos que me lêem deixo esse conselho, mais em forma de desafio, olhem para o Porto e para o que vos oferece. Esta é uma cidade para ser vivida, uma cidade que convida a sair e a estar com os amigos. Sei bem que as novas tecnologias nos consomem algum tempo e é normal que assim seja. Mas ser jovem, no Porto é, desde logo, ser um privilegiado. Pelo menos é assim que deveria ser. No Porto ou em qualquer parte do mundo, o essencial é sonhar e nunca desistir do sonho... até torná-lo realidade. E se por algum acaso o sonho nunca se concretizar, ter a certeza de que apenas o sonho em si foi o motor para crescer.

(Tiago Monteiro - Piloto de Carros WTTC e ex-F1, JV Fev.2009)
NÓS POR AÍ -002

Inspirado, em parte, em Bernhard Häring, apraz-me reflectir e escrever aqui que o JV, com a semente acabada de regar/cultivar e já pretendida fruir e frutificar no terreno são desta Sociedade sobretudo local, emite e permite:
- ser verdadeiro no pensar (coluna vertebral da veracidade);
- ser verdadeiro no falar (coração da autenticidade);
- ser verdadeiro no agir (pulmão da capacidade), nas cumplicidades objectivas e completas do verdadeiro ser que pensa, fala e age, porque está e sente.
É este eixo triangular - aliado a outros triângulos paradigmáticos (ao bem, bom e belo; ao tu, eu e nós; à SS.ma Trindade) – que nos quer centrar e concentrar nos factos que interessam sem perder tempos no tempo, em detrimento de fatuidades ou inutilidades, que corroem informações que são ou não notícia. Encontra-se lógico na recta equação: a veracidade leva a procurar e a descobrir e, ainda mais, a redescobrir para de novo procurar! É início, meio e fim.
Portanto, desejo que este vértice e sua tríplice dimensão se conjuguem nos prismas e arestas pessoais e colectivas, de todos, para todos e em cada um, em constante PRESENÇA (a verdadeira e total acção!) nos instantes da nossa vida enquanto seres singulares e plurais, para que esta (re)acção com nobre Missão se paute sempre pela Verdade, pela Fidelidade e pela Criatividade. Conto consigo!

(ARR, JV Fev.2009)
AUGÚRIOS -002

Em boa hora o seu Jornal VERIS veio à luz do dia!
A primeira edição, agradou e encantou! Seremos capazes de levar este projecto por diante? Está a fasquia tão alta que seremos nós capazes de manter o ritmo ou progredir ainda mais? Em tempo de crise, será que o JV se poderá pagar a si mesmo sendo não absorvente mas catalizador de fundos em vista do “Projecto Mais Alto” de construir a nova Igreja de Paranhos?
São estas perguntas de rua feitas com sinceridade e boa vontade em afirmar um SIM maiúsculo, sem no entanto trazer alguma nuvem no horizonte.
Vamos confiar, vamos acreditar. É possível se quisermos, porque “o querer é poder”. Necessitamos, no entanto, de dar as mãos.
É um desafio à nossa capacidade de nos mobilizarmos em favor das grandes causas e nas mais puras motivações de evangelizar os ambientes em que vivemos.
O caminho faz-se ca-minhando; então, vamos a isso com entusiasmo e alegria! Vosso, P. MM.

(P. Manuel Martins - Pároco de Paranhos, JV Fev.2009)
GRÃO DE MOSTARDA -001

Que nos dirá o nome de “Irmã Emanuela”?
Os Franceses, nas sondagens, escolheram-na como a personagem mais querida e consideraram-na como uma referência moral e espiritual para o Mundo. Dedicou toda a sua vida aos pobres.
Para melhor conhecimento desta grande personalidade, enumerarei alguns traços biográficos, de La Vie.
Nasceu a 16 de Novembro de 1908 em Bruxelas. Filha de pai belga e de mãe francesa, tomou o nome de Madeleine Cinquin.
Com 21 anos de idade entra na Congregação de Nossa Senhora de Sion, em Paris e passados dois anos (em 1931) faz os votos tomando o nome de “Irmã Emanuela”.
Entre 1932 e 1970 dedica-se ao ensino na Turquia, na Tunísia e finalmente no Egipto.
Em 1971, instala-se com os “Sem-abrigo” do Cairo nos bairros de lata de Ezbet-El-Nakhl.
Em 1979, percorre todo o Mundo para recolher apoios para os seus pobres e em 1980 cria a Associação “ASMAE” cuja finalidade é a ajuda social e médica às crianças.
Aos 85 anos volta para França e instala-se em Var.
Um mês antes de ser homenageada pela República Francesa, com a entrega da condecoração da “Grande Cruz da Legião de Honra”, morre – 20 de Outubro de 2008.
A 16 de Novembro de 2008 faria cem anos de vida.

(Guilherme Sousa - Bancário, JV Jan.2009)
MÃOS D(O)ADAS -001

Era uma vez uma cidade ao contrário.
Normalmente via-se:
Senhores de cabelo comprido, minhocas com mil pernas, gatos a ladrar, cães a miar elefantes a falar chinês e por fim a coisa mais estranha… princesas com verrugas!
Essa cidade era no pais, Microstânce, o planeta em que tudo era ao contrário. E sabem que nesse país havia um rei chamado Requemido? E que a sua mulher se chamava Pastlim? E que a filha tinha o nome mais estranho do mundo, sabem qual era?

(Benedita Rangel Valente - Estudante, 9 anos, JV Jan.2009)
JUSTAPOSIÇÃO -001

A Segurança Social (S.S.) tem difundido e insistido com as Instituições da Igreja (admite-se que também com outras) que se dedicam ao apoio a crianças e jovens para que adiram ao "Plano DOM", como panaceia com que ficariam, daqui para o futuro, mais modernas, mais actualizadas, mais pedagógicas (de pedagogia sabe a S.S.), mais técnicas. Os objectivos vêm difundidos em documentação atinente e é de admitir que sejam meritórios, pois que estão definidos como pretendendo ser o bem das crianças e jovens. Os resultados são manifestamente excessivos, para não dizer indesejáveis, motivo por que várias das visadas não tenham feito a adesão, nem pareça aconselhável que o façam.
Daí que seja pouco curial que haja, dentro da Igreja, quem promova sem mais que «é significativo o número de Instituições que já aderiram ao Plano DOM. O futuro passa pela adesão de todas» (sic – Voz Portucalense de 07.01.2009, pág. 16). E menos razoável ainda que o artigo seja iluminado por uma imagem que é símbolo precisamente de uma das Instituições que não aderiu àquele maravilhoso Plano!
Claro que, não obstante, basta ler esse artigo assinado para "convencer" qualquer Instituição sensata a agir ao contrário daquilo que é propagandeado.
As expressões usadas (nascidas, algumas, no seio de verdadeira "ideologia" sobre a matéria) são suficientes: «institucionaliza-ção de crianças/jo-vens» (ferrete agora usado para depreciar as Instituições); «se enquadravam na sua genuína vocação...» (para poder sustentar, como faz a S.S., o direito desta a definir a vocação e pedagogia de cada Obra); «no sentido da sua educação para a cidadania e desinstitucionalização, em tempo útil» (a ideia, que vem sendo seguida, do "uso" das Instituições como "depósito" e "entre-posto"); «sendo reconhecida às Instituições a necessária autonomia para constituir e integrar as equipas técnicas, segundo a sua matriz, o que parece já ter sido garantido» (quando é a colocação de «equipas técnicas» pela S.S. nas Instituições a nota tónica do Plano, pelo que o «parece já ter sido garantido»... não o está de modo algum). Etc...
Esclareça-se que as expressões transcritas devem ser lidas com o texto integral... mas não podem ser esquecidas para que a roupagem geral as não apague. Matéria tão séria deve ser tratada com o maior rigor para que a Igreja não seja subsidiária da S.S. ao contrário do oposto.

(Augusto Lopes-Cardoso - Jurista, antigo Bastonário da O.A.)
Casa GOVERNADA -001

O Orçamento de Estado para 2009 foi elaborado sem ter em conta a verdadeira dimensão da crise mundial, que nessa altura todos já conheciam, excepto o Governo.
Prova disso é que previa um crescimento da economia de 0,6%, quando, passadas poucas semanas, o Banco de Portugal vem prever um decréscimo de 0,8%, isto é, uma diferença de 1,4 pontos percentuais.
Mesmo admitindo como bons, o que não é de todo verdade, os cálculos de um orçamento que foi feito de forma arrogante, leviana, inconsciente e irresponsável, ignorando olimpicamente o que toda a gente já sabia sobre aspectos da crise mundial, chegamos à conclusão que, independentemente da crise, o governo já esperava deixar o país em 2009 em pior situação do que o encontrou em 2004.
Esta conclusão resulta dos números apresentados pelo governo no orçamento que ele próprio já considerou irrealista. Naturalmente que com os efeitos da crise a situação será pior.
Agora, temos de estar preparados ver a crise mundial ser utilizada como pano de fundo para encobrir erros cometidos e que foram muito bem disfarçados por uma magnífica máquina de propaganda.
Essa mesma máquina vai ser conduzida para mostrar que a crise mundial tem as costas largas e servirá de pretexto, de desculpa e de álibi para tudo o que correu mal em Portugal nos últimos quatro anos.

(José da Silva Peneda - Eurodeputado, Economista e ex-Ministro, JV Jan.2009)
VIVER SALUTAR -001

O progresso da medicina está a dar cada vez mais anos à vida. São já muitos os centenários em Portugal embora não apareçam nas páginas dos jornais como tem aparecido o realizador de cinema Manoel de Oliveira.
Mas este aumento do tempo de vida tem de ser acompanhado com bom estado físico e mental. Não basta durar mais anos, é preciso que esses anos possam ser vividos em estado salutar, sem dependências físicas nem deficiências mentais.
Isto quer dizer que uma vida salutar prolongada tem de ser preparada desde a juventude. E é o que não está a acontecer em Portugal.
Se prestarem atenção às pessoas que se juntam para uma reunião social ou que, por exemplo, assistem a uma celebração da Eucaristia dominical, notarão que uma parte significativa dessas pessoas apresenta excesso de peso, ou seja, são pessoas gordas e, algumas, embora não possam ser consideradas idosas, deslocam-se já com alguma dificuldade.
Ora o excesso de peso, que resulta de alimentação a mais em relação com as necessidades do organismo, é a primeira causa e a mais importante de limitação do tempo de vida com boa qualidade.
Nos tempos que correm, reduzir a quantidade de alimentos que se ingerem e preferir alimentos “leves”, como vegetais e frutas, não só garante uma vida mais longa e de melhor qualidade, como fica mais barato...
Decidam já mudar o mau hábito de comer em excesso.

(Daniel Serrão - Médico, Catedrático Jubilado e Cientista/Investigador, JV Jan.2009)