09 abril 2009

PORTO SENTIDO -001

O Porto oitocentista é o grande cais de emigração do reino”, e o Brasil, o destino eleito.
Socialmente, o liberalismo trouxe uma nova aristocracia – a burguesia empreendedora que enriquece com empréstimos ao Estado, investindo em novas fábricas ou… com dinheiro que ganha no Brasil.
Estes “brasileiros” ou os “torna-viagem”, como lhes chamavam, são cruelmente caricaturados pelos intelectuais da época pelo seu mau gosto e ostentação. Mas são as suas remessas monetárias que saldam, por uns tempos, o deficit crónico da balança de pagamentos do Estado. Em compensação, recebem prestígio social e títulos (barão, visconde, conde). Assim aconteceu com o Conde de Ferreira. É significativo o facto de a maior de concentração de “benes-ses” se ter situado no Porto, o palco, por excelência, das lutas liberais mais importantes.
A atribuição de títulos deu, também, origem à sátira e à crítica social: “Foge, cão, que te fazem barão! – Para onde, se me fazem conde?” (Almeida Garrett).

(M.ª Helena Costa - Professora, JV Fev.2009)

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