09 abril 2009

Casa GOVERNADA -001

O Orçamento de Estado para 2009 foi elaborado sem ter em conta a verdadeira dimensão da crise mundial, que nessa altura todos já conheciam, excepto o Governo.
Prova disso é que previa um crescimento da economia de 0,6%, quando, passadas poucas semanas, o Banco de Portugal vem prever um decréscimo de 0,8%, isto é, uma diferença de 1,4 pontos percentuais.
Mesmo admitindo como bons, o que não é de todo verdade, os cálculos de um orçamento que foi feito de forma arrogante, leviana, inconsciente e irresponsável, ignorando olimpicamente o que toda a gente já sabia sobre aspectos da crise mundial, chegamos à conclusão que, independentemente da crise, o governo já esperava deixar o país em 2009 em pior situação do que o encontrou em 2004.
Esta conclusão resulta dos números apresentados pelo governo no orçamento que ele próprio já considerou irrealista. Naturalmente que com os efeitos da crise a situação será pior.
Agora, temos de estar preparados ver a crise mundial ser utilizada como pano de fundo para encobrir erros cometidos e que foram muito bem disfarçados por uma magnífica máquina de propaganda.
Essa mesma máquina vai ser conduzida para mostrar que a crise mundial tem as costas largas e servirá de pretexto, de desculpa e de álibi para tudo o que correu mal em Portugal nos últimos quatro anos.

(José da Silva Peneda - Eurodeputado, Economista e ex-Ministro, JV Jan.2009)

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